Araruna-PB, Quarta-Feira, 24 de Abril de 2024

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Araruna! A cidade tem nome indígena, fica no Agreste paraibano e de Campina Grande até lá são 100 km em uma estrada muito boa. A primeira vez que estive lá foi em 2012 ou 2013, para fazer uma reportagem na época que eu trabalhava no jornal Correio da Paraíba. Na oportunidade não puder fazer praticamente nada de turismo, uma vez que eu estava bem "à serviço" mesmo e escrevendo um texto de denúncia: o abandono do Parque Estadual Pedra da Boca. Dessa vez, março de 2017, voltei para fazer uma gravação e sim, rolou de fazer todos os passeios que eu queria, aê!

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Aviso logo que Araruna é muito mais do que fazer trilhas, esportes de aventura, ter contato com a natureza ou provar da rica gastronomia regional. Além de tudo isso, conhecer a cidade é também uma oportunidade incrível para ter contato com pessoas inspiradoras e que fazem o turismo acontecer por lá. Gente que faz "na tora" e tem o acolhimento como a especialidade da casa!

Logo ao chegar na área central da cidade já dá para perceber a riqueza arquitetônica e um colorido de encher os olhos.  O Centro Histórico vale a visita e dá uma sensação muito boa de ser transportado no tempo. Casarões antigos, a Praça João Pessoa (uma construção da década de 30) e as igrejas Matriz de Nossa Senhora da Conceição e a de Santo Antônio (um marco da urbanização da cidade!) encantam pelo capricho usado nas construções. O mercado central, que hoje também é palco de apresentações culturais, guarda a sua estrutura original e chama a atenção pela simplicidade.

A primeira parada gastronômica, seja para café da manhã, almoço ou jantar, é o Restaurante Casa de Farinha, que fica no anexo do Araruna Hotel, na região central. Pratos típicos e gostinho de comida caseira são a marca do local, mas o carro chefe de lá é a pizza paraibana, que tem uma deliciosa combinação de ingredientes regionais.

A cidade é considerada uma das cinco mais frias da Paraíba (mas ó: no período da noite pois de dia o calor é de torar!), e não é raro ver durante a noite a neblina encobrindo os prédios e deixando as ruas com uma opacidade que remete, de fato, às baixas temperaturas. Uma boa pedida para esquentar a noite com vinho!

Sob o comando do casal Edvaldo e Sandra Costa, o lugar tem uma decoração rústica encantadora, inclusive com peças raras que parecem ter saído de antiquários. A impressão é a de que estamos sendo recebidos em uma casa típica de outra época. As reservas, seja do hotel ou restaurante, podem ser feitas através dos telefones (83) 3373.1147 e (83) 99608-5746.

Pêndulo + dormir no Céu da Boca: tem que ter!
Eu achava que era corajosa... até o dia de ficar suspensa por três cordas e receber um empurrão que me faz voar (literalmente!) e provar uma sensação de liberdade incrível (mas não sem antes gritar feito louca!). Essa carga de adrenalina é alcançada com o Pêndulo da Boca! O inventor dessa maravilhosa geringonça que me fez rever o conceito de bravura é Julio Castelliano. O cara é fera! Ele é carioca e visitou a Pedra da Boca há 15 anos, se apaixonou por lá, morou dois anos numa barraca de camping (hum rum!) e desde então é um dos responsáveis por divulgar o turismo local.

Depois que passa o medo, o tremor e a tensão (mas é muuuuito bom!) você consegue relaxar e ver bem de cima toda a beleza do alto da Serra da Araruna, que fica numa altitude de cerca de seis mil metros acima do nível do mar! Sério, mágico! O pêndulo é apenas um dos passeios que faz parte do Pacotão da Aventura (R$ 70,00 valor por pessoa) oferecido por Júlio.

Com um bom humor contagiante, alto astral e paciência de sobra, Júlio também oferece os serviços de rapel (fiz um de descida, com 60 metros. Ai, que aventureira, haha!), escalada e trilha. O bacana é que ele mora bem próximo da Pedra (o que facilita o contato e disponibilidade de horários) e tem no currículo uma vasta experiência com esportes, o que deu ainda mais segurança para testar todos os passeios e olha... aprovadíssimos!

Para quem tiver tempo a mais no roteiro, a dica é dormir na Pousada Céu da Boca, que é um anexo charmoso e convidativo da casa de Julio. Hospedagem com simplicidade, conforto e o melhor... bem pertinho do principal ponto turístico da região! Ele construiu toda a estrutura, que recebeu uma decoração especial, sendo impossível não notar o carinho em cada detalhe.

É muito massa pois não tem aquela impessoalidade das hospedagens em hotel, a todo tempo ele fez questão de estar conosco, conversar não como "cliente e contratante", mas com uma curiosidade não invasiva. Amei, amei!

Júlio super dividiu o espaço da casa dele (inclusive farofei muito na varanda serrando a internet, cochilei horrores, entrei na casa para ver a decoração maravitchosa que ele tem!) e tipo, tudo muito de boa! Ele é campeão em vááááários tipos de esporte e depois que eu vi o tanto de medalha (surf, rapel, escalada), relaxei, vi que ele não faz nada com amadorismo e por mim iria no pêndulo mais 50 vezes, haha!

Seja nos quartos dos chalés ou curtindo um balanço gostoso nas redes (relembrando os antigos alpendres dos sítios, foi assim que eu dormi! Hehe), passar a noite ali é mágico. O frio da noite deixa o sono ainda mais aconchegante e é impossível não se encantar com a quantidade de estrelas que é possível ver de lá. Tudo suuuper escuro, as estrelas são o destaque mesmo!

Bora falar de preços? O aluguel de chalés varia de R$ 150,00 a R$ 250,00 (a diária) e as reservas dos passeios e quartos podem ser feitas com Júlio via WhatsApp, através do (83) 9-8854-7227.

Dica: o chalé com preço mais elevado é equipado com tudo: geladeira, fogão, liquidificador, uma mini-sala... completinho! Tem uma cama de casal, mas ele disse que rola de levar colchão e dormir em rede é uma opção também (e foi o que eu fiz)! Ou seja, dá certo de levar um grupo de amigos tranquilamente! ;)

Seu Tico: lição de vida com o guardião da Pedra da Boca

Mesmo sendo um parque Estadual, a região da Pedra da Boca tem um guardião. O nome dele é Francisco Cardoso de Oliveira, mais conhecido como Seu Tico, que tem 59 anos, nasceu lá mesmo e é capaz de fazer toda as trilhas de olhos vendados.

Ele acompanhou a nossa equipe em uma das trilhas mais procuradas por lá: o Caminho das Grutas! Já ouviu falar em espeleoturismo? O nome é complicado, mas é o que seu Tico faz por paixão e meio de sobrevivência: trata-se da exploração turística de cavernas, um dos principais atrativos do parque.

Com duração de duas horas, o passeio tradicional inclui passagem pela Pedra da Caveira, Pedra do Forno, Caverna da Zamboca, Cama do Caçador e Olho D’água. Cansou só de ler? Pois saiba que seu Tico faz esse trajeto pelo menos duas vezes por dia e com a mesma empolgação e brilho no olhar de sempre.

Toda a experiência dele encanta os turistas, que ficam boquiabertos quando ele comenta técnicas de sobrevivência na selva, mostra os frutos venenosos e até mesmo larvas que são ricas em proteínas e com um detalhe: você pode comê-las! Lendas, histórias, canto dos pássaros e um contato íntimo com a natureza: já ficou claro que embrenhar-se por entre as pedras e vegetação local é uma atividade que não pode ser dispensada!

Agora o que mais me impressionou: o preço! Muito, muuuito barato! O passeio custa R$ 10,00 por pessoa e pode ser agendado pelos telefones (84) 9-9967-5037 ou (84) 9-8867-5037. Seu Tico também oferece espaço para camping (R$ 10,00 por pessoa) e serviços de café, almoço e jantar (com preços variando de R$ 12,00 a R$ 15,00 cada). Ele falou que quem quiser levar uma rede e se hospedar por lá (já quero!) é o mesmo valor do camping. Um amor de pessoa, de verdade!

Fazenda Maquiné: uma viagem no tempo!

Ruínas envoltas em mistério e lendas. Antes de se despedir de Araruna, recomendo muito uma visita à Fazenda Maquiné, um patrimônio histórico e cultural que fica praticamente escondido, a aproximadamente 2km do centro da cidade.

O local abrigava um dos mais importantes engenhos da região e era uma importante base de encontro dos barões da cidade. A casa grande, armazém e senzala é uma configuração típica da época dos engenhos e que pode ser facilmente observada por lá.

A capela também é linda! Com a construção iniciada em 1897, o templo é dedicado à Nossa Senhora do Bom Socorro e a São Francisco de Assis.

- Voar de parapente e asa-delta: Araruna também fica pertinho de Tacima, uma cidade que tem uma das principais rampas naturais de voo livre da região. Por essa razão muita gente viaja até lá focando a prática desses esportes. Massa, né?

Beijos e até a próxima (e queria que fosse para ontem!)
Haha :*

Fotos: Ligia Coeli e Moab Martins

Tem uma versão dessa reportagem na Revista Eventos. Aqui, ó: http://bit.ly/2xJlkQi ;)



Postado por: alarmesfalsos.blogspot.com.br